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Dra. Elisa Tavares | Fotografia: Revista Angel
O cargo de “Juíza Federal” vem carregado de muitos significados. Para grande parte das pessoas, especialmente aquelas que não fazem parte do ramo do Direito, isso pode significar luxo, “pompa” e muitos contatos importantes. Embora essa possa ser a realidade de alguns nessa posição, não reflete exatamente a história de Elisa. Vinda de uma família bastante humilde, a juíza não conhecia pessoas influentes, tampouco tinha dinheiro ou um sobrenome que a favorecesse. Mas possuía algo de sobra: determinação, vontade de crescer e fé.
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Estudou a vida toda em escola pública, fez o que era necessário e conseguiu se formar em Direito. Enquanto advogava, viu nascer o sonho de se tornar juíza. No entanto, percebeu logo cedo que um padrão se repetia: sempre que compartilhava seus sonhos com outras pessoas, saía dessas conversas machucada e boicotada. Muitos não acreditavam que ela, filha de cabeleireira sem ensino fundamental completo, chegaria a uma posição tão alta.
Elisa Tavares
“Eu sabia que minha situação era muito difícil, mas que, se eu ficasse me justificando nela, seria vítima, não vencedora. Foi então que decidi me organizar e, em meio às atribulações e dificuldades, encontrar tempo e jeito de estudar sem contar meus planos às pessoas.” Elisa acordava às 5h da manhã, estudava na sala de espera das audiências e até no metrô. Para ela, ficar se comparando com quem estudava em condições melhores seria uma perda de tempo, energia e até esperança. Por isso, focava em estudar nas condições que tinha.
Certa vez, quase cedeu à tristeza ao receber a notícia de que havia sido reprovada em uma prova no Rio de Janeiro. “Eu estava estudando depois do trabalho, super cansada, quando me ligaram. Queria parar para chorar, mas lembrei que não daria tempo, pois já eram quase 21h de uma quarta-feira e minha outra prova seria no sábado. Ali, naquele momento, eu me tornei juíza sem saber. Minha vontade foi maior que o meu sonho. E foi nessa prova de sábado que eu fui aprovada e minha carreira me trouxe plenitude.”
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Toda essa persistência e garra vêm de um motivo muito nobre: acreditar que pode melhorar vidas e, assim, ajudar a construir uma sociedade melhor. “Contribuir para a sociedade é o que me move. É claro que, por vezes, encontro dissabores. Nenhuma carreira será perfeita ou livre de problemas e obstáculos, mas isso não tira o brilho dos meus ideais, pois são nos piores momentos que eu recordo com mais força as razões que me movem. Sou grata por tudo o que tenho, grata por tudo o que faço, grata pelo meu passado e não deixo de acreditar no que me impulsionou a chegar até aqui.”
Como juíza, Elisa acredita que ter vindo da advocacia a faz uma profissional mais preparada e empática. Para ela, “advogados são colegas operadores do direito a quem não apenas devemos dirigir o respeito mútuo no exercício da profissão, como nos aliar na construção de um Direito melhor e, consequentemente, uma sociedade melhor”. Seja no campo pessoal ou profissional, suas decisões se pautam em amor e dedicação, porque, em suas próprias palavras, “o amor desacompanhado da dedicação terá caminho curto e raso”. Mas, não deixa de lado o fato de que não basta amar uma carreira sem se atualizar constantemente para entender e acompanhar as novas demandas e estar preparado para as privações decorrentes de seu exercício.
Quando pensa em toda a sua trajetória e olha para o futuro, Elisa faz questão de lembrar e ser lembrada como alguém de origem simples e com muito orgulho, que não teve nada fácil, que caiu e aprendeu a levantar e seguir de cabeça erguida ainda mais forte. Alguém que não só aprendeu com essas quedas, como também entendeu que o mais maravilhoso da vida é a oportunidade diária de se levantar e continuar seguindo em frente. Sobre o que considera seu maior aprendizado na vida, ela é categórica: “Tenha uma razão de verdade para lutar e o faça em silêncio”.
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