Como um neurocirurgião pode ajudar no tratamento da dor

POR DR. BENEDITO DOMINGOS AMORIM FILHO

médico neurocirurgião e hipnoterapeuta

CRM-SP 90381
RQE:79501 / 795011

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Não é difícil, no consultório, pacientes se surpreenderem ao saber que o médico que tratará sua dor é um neurocirurgião. Na verdade, a área da medicina dedicada ao tratamento da dor, pode compreender a neurocirurgia, anestesiologia, neurologia, reumatologia, ortopedia assim como outros profissionais também podem se especializar nisso como é o caso da psicologia, fisioterapia, medicina veterinária e outras. O tratamento da dor envolve sempre um time de profissionais de várias áreas para que o objetivo comum seja atingido.

A melhor e mais eficaz forma de se controlar a dor é eliminando sua causa. Muitas vezes, no entanto, a doença ou problema que levou à dor já nem existe mais, ficando apenas a dor que passa a ser a doença de fato! Um exemplo disso é a neuralgia pós herpética onde as lesões já cicatrizaram, mas a dor no local delas ficou como se ainda estivessem ali tais lesões. Para o melhor controle dessas e de outras dores, então, entra em campo o time multiprofissional de controle da dor.

Eu sempre falo para meus pacientes e alunos que o paciente, quando chega ao consultório pedindo por socorro, são como se eles estivessem com seu carro atolado na lama e chegamos ali para ajudar a empurrá-lo. O médico ajuda com seu conhecimento e medicamentos ou cirurgia e outros vem para empurrar junto como é o caso do fisioterapeuta, psicólogo, enfermagem etc. Mesmo que todos ali atrás empurrem o carro, pode não ser suficiente se o paciente não ajudar engatando a marcha, soltando o freio de mão e acelerando. O tratamento da dor é um trabalho de equipe sempre! E pode chegar um ponto em que o paciente pode acabar pegando a estrada e seguindo viagem.

O especialista em dor é o profissional habilitado a tratar a dor em qualquer momento, seja na dor aguda ou na crônica. Consideramos dor crônica toda dor que vem ocorrendo num tempo superior a 3 meses. Sabemos que não é apenas a questão de tempo que faz uma dor ser considerada crônica, pois existem diversos processos celulares envolvidos nisso. Além disso, o especialista em dor pode tratar dor de qualquer origem e em qualquer área do corpo como dores de cabeça, dor relacionada ao diabetes, dor do câncer, dor de fraturas e traumas, dor abdominal, dores de origem vascular etc. O que pode fazer diferença é que alguns especialistas em dor como neurocirurgiões, anestesistas, ortopedistas ou intervencionistas, podem realizar procedimentos como bloqueios anestésicos, pequenas intervenções ou mesmo cirurgias específicas para tratar a dor.

Dr. Benedito Amorim Filho | Fotografia: Estúdio Revista Angel Morumbi

Na neurocirurgia, a área de cirurgia funcional, é a responsável pelo tratamento clínico ou cirúrgico da dor e também dos distúrbios do movimento como cirurgias para a doença de Parkinson, espasticidade, sequelas relacionadas às doenças vasculares como o AVC (acidente vascular cerebral). Na neurocirurgia funcional, o neurocirurgião pode ajudar através de técnicas de neuromodulação onde, através de implante de eletrodos em nervos periféricos, na medula ou no cérebro, conseguimos controlar a função dos neurônios em qualquer alvo seja na dor, no Parkinson, epilepsia ou disfunções de memória como Mal de Alzheimer (este ainda em pesquisa).

A neurocirurgia funcional está em pleno crescimento com pesquisas direcionadas para tratamento de sequelas motoras como nos pacientes vítimas de trauma raquimedular e também no desenvolvimento de tecnologias baseadas em interface cérebro máquina.

Por maior que seja a tecnologia envolvida, o básico vai ser sempre fundamental – ver, ouvir e sentir o paciente e, dessa forma, poder oferecer a ele o que há de mais precioso – VIDA!